23.9.09

Folhas soltas ao vento



A vida precisa ser repaginada
Já não sei onde começo e onde termino
Já não entendo meu inicio nem o desfecho de minha estória
As pessoas não tem acesso a minha quietude infinita
As dores existem, mas já não posso detectar sua raiz
A vista turva tenta entender os males
O teto é baixo estou enclausurada em meu ambiente
O quarto é amplo, fico nos extremos de mim mesma e não sei ao certo a direção
Vagando em direção ao nada.
O piso é movediço, logo meus dedos afundam meu corpo pesa e minhas pernas já se cobrem por inteiro
O silencio é grande, o mundo não devolve respostas
A cegueira é necessária, coisas que pressinto não precisam se manifestar
O grito é surdo e também ensurdecedor, quem é que ouve?
O som é mudo, os estrondos estão imersos e cravados no peito
O tato é nulo, é ausente é desnecessário, não me conduz não me seduz
O cheiro é ralo, o faro é propina
O tempo é curto e curta é a persistência de subsistir
O muro é duro, a cara é chata
O parto é dolorido, o corpo estremece
O fardo é meu e de mais ninguém, pois é intransferível...

28.12.08


As luzes cintilaram ofuscantes no horizonte.
A noite se rasgou em chamas
O corpo massageado abandonou dores
E a escuridão interior cessou quando novamente se fez dia.
A borboleta preta vestiu-se de branco e se camuflou com a luz
Bateu asas sem se despedir...

24.12.08

Feliz Ano Novo!









Tudo que é mais sagrado em vida!

Não há nada melhor do que ter um amigo
que se possa confiar de verdade.
Com tantas riquezas materiais,
O outro ser sempre se esquece das essências e das coisas não plausíveis;
Já o ser vigilante me zelou a vida,
Não há mais nada de maior preciosidade em nossa existência.
Deu-me alimento diário,
Cativou-me em dosagens homeopáticas
Tomou-me pelas extremidades e atingiu meu núcleo.
A boa companhia, a boa conversa, as estórias em preto em branco,
Os retratos intermináveis, o entusiasmo nas narrações fantásticas,
As lembranças de infância, e o fabuloso
“ Viver a Vera Vida Azul e simples”.
Inúmeras vidas de gato que não se resumem nem em mil páginas.
E a tal sincronicidade, de Jung!
Vostra "coincidência significativa”
Tempo, espaço e vivencia!
Já dizia o senhor “guru da contracultura” em
“conselhos a mim mesmo”
Tudo que na verdade já soubeste, ou já sabíamos.
– Maciel querido...

Em menos de dois séculos depois
Entrou em cena –
“ O acaso, a centelha, o momento, o amor, a ponte, a paz.”
Em águas profundas, David Lynch se expressou bem em
“O CAMPO UNIFICADO” que nos transportou para
O cheiro de absinto, a criatividade e a meditação transcendental.

Sua aura irradiante tomou contornos mais fortes
Irradiou a todos com seus “presentes” – sua “simples” presença.
Vicio bom, ele existe sim, existe um.
Ter um amigo assim, não é pra qualquer um.
Antes dele existiam dois mundos – o divino e o humano
Depois dele passou a existir só um.

A confraria do telhado e os cactos no jardim.
O jardim do paraíso, da clara percepção interior.
A noite de verão e as flores dos cactos brotaram lindas e radiantes
Como nunca antes havia visto.
O perfume das plantas exalou forte.
Sem palavras.

Cat Stevens nos visitou algumas vezes em “ moonshadow... moonshadow...”
E agora Morning has broken –
“Morning has broken, like the first morning
Blackbird has spoken, like the first bird
Praise for the singing, praise for the morning
Praise for the springing fresh from the world”

E o mundo se rompeu outra vez hoje.
As transformações, as estações, os novos ciclos,
As cortinas vermelhas se abrem novamente.
Sempre de maneira única e exclusiva.
Mesmo que as vezes o disco risque, ou quebre...
O importante é continuar! “vamo que vamo”!

Feliz Ano Novo todos os dias querido!

Que as primaveras na janela nunca morram
E que possamos experimentar novos ouros
E contemplar muitos outros fantásticos pores-do-sol!
Tempos de renovar, tempos de inovar!
Tempos de Clara
Tempos de Joske.

.solidão.





A vida solitária constrói túmulos de segredos.
Enterram-se os medos, angustias e amarguras.
*

Vale à pena sucumbir os pensamentos
no momento exato podemos exteriorizar
em artifícios visuais.
*

A inquietude faz discorrer sobre idéias aclaradas
subitamente extraídas do interior.
*

A dor vem da intensidade da vida
e a vida vem com as inúmeraveis margens de erros.
*

Arriscar vale
bater a cabeça vale mais ainda.
*

Silenciar-se em meio à frieza natural do ser
É um bem que futuramente a memória do individuo agradece.

O MOVIMENTO





Acontece nas ruas,
Com os lixeiros,
Com os pedreiros,
Com as vendedoras ambulantes de banana
Acontece nas escolas
Com os professores
Com os estagiários
Acontece nas fotografias
Nos registros eternos
Acontece nos prédios
Nas portarias e nas seguranças
Acontece nos postos
Com os frentistas
Acontece nas estradas
Com caminhoneiros
Acontece nas passarelas
Com os estilistas
Com as modelos
Acontece no palco
Com os atores
Acontece no cinema
Com os roteiristas
Acontece na dança
Com o ballet de londrina
Acontece sim esta acontecendo!
As coisas se movem ate mesmo as latas.
O movimento.
O ciclo.
Acontece nos templos,
Nos santuários, nos terreiros,
acontece no céu e na terra
Acontece na rosa cruz,
no espiritismo,
acontece na cosmologia,
acontece no druidismo,
acontece nos cantos dos plantadores de arroz
acontece na mecânica celeste,
acontece na natureza fluída da vida.
Acontece no vaso,
acontece no corpo,
acontece na ponte, acontece em mim,
O movimento sou eu, o movimento se refrata,
Acontece em você, acontece e desencadeia um processo de contagio como um vírus.
O vírus do bem.
Ele é capaz de mobilizar mares
Mares urbanos, mares suburbanos,
Mares da elite
Mares da sociedade,
Mares dos credos individualistas
Mares dos alquimistas,
Mares dos cientistas,
Mares dos frenéticos campos celestes
Mares Copérnico, mares ...

.extinção.


A espécie humana está em extinção.
Animais racionais e irracionais .

Senhora Auto-Destruição


DIÁLOGOS IMPERTINENTES - EGO-SUPEREGO.

ELA VINHA ALIMENTANDO SEMPRE,
NA ESPERANÇA DE RESGATAR UM DIA AQUILO QUE SE PERDEU COM TEMPO...
VIVEU ANSIANDO,QUERENDO, SONHANDO, DEMONSTRANDO E CAMUFLANDO TODO SEU SENTIMENTO PURO DE AMOR.

ELA O REPRIMIU NO MOMENTO EM QUE PERCEBEU QUE O MESMO JÁ NÃO ERA CORRESPONDIDO DA MESMA FORMA, NA MESMA INTENSIDADE, MAS TODA A ÂNSIA VOLTAVA E DESTEMIDO SE RASGOU INÚMERAS VEZES.

O PROBLEMA ERA QUE NO FINAL DAS CONTAS ACABAVA SEMPRE SE MACHUCANDO.
E POR HORAS SE RESGUARDAVA PARA NÃO SE HUMILHAR TANTO QUANTO O FAZIA, SABIA QUE MESMO AS DEMONSTRA COES MINIMALISTAS DE AFETO QUE BROTAVAM DELA, ERAM SINÔNIMO FRAQUEZAS, DE BAIXAR A GUARDA E HASTEAR BANDEIRAS COLORIDAS...
ISSO EM SUA NATUREZA DURA SERIA ALGO NO MÍNIMO INTOLERÁVEL,
POIS DIRETAMENTE ANIQUILARIA SEU ORGULHO.

ELA ABRIA SUA CAIXINHA DE MUSICA E DEIXAVA A MELODIA TRISTE ECOAR PELAS BORDAS E ISSO VIROU CONSTÂNCIA, AS NOTAS TERIAM INTERVALOS E DESRITMIAS...
CANSOU-SE DESTAS REPETICOES, QUIS COSTURAR OS OUVIDOS E QUEBRAR A CAIXINHA.

OS SINGULARES 5 MINUTOS DE TODOS OS DIAS, ENIGMATICAMENTE TRANSFORMARAM-SE EM PESADELOS E COMODIDADES, OS ABRAÇOS APERTADOS QUASE QUE OBRIGACOES SUFOCANTES, TODA ESPONTÂNEA BELEZA DAS MAIS INTIMAS FALAS TORNOU-SE PREVISÃO E REPETIÇÃO.

TRISTE, POREM VERDADE, A QUE SEMPRE PREZAMOS, E QUE CRUAMENTE ESTÁ ESCANCARADO AGORA.
CADA MOMENTO SEGUINTE ERA TRAÇADO POR GRADAÇÕES DE CORES MÓRBIDAS E ISSO COEXISTIU AO LONGO DOS SEGUNDOS ABAFADOS PELA FUMAÇA.

VIGOROSAMENTE PERDEU – SE O JUÍZO, O BOM SENSO, O BOM HUMOR.
OBSCURAMENTE FECHOU-SE PARA DENTRO DE SI MESMA.
UM PÂNTANO CHEIO DE TRALHAS, TRAÇAS E MIGALHAS DE VIDRO.
NAS VENTANIAS NOTURNAS, EU PUDE CAPTAR CADA OLHAR VAZIO E TRISTE, UM AR MELANCÓLICO EM CADA GESTO CORPORAL.

ESTAVA PRESENTE DE CORPO ENQUANTO O ESPÍRITO ESTAVA NA VIGÉSIMA DIMENSÃO.
O TREMOR VEIO JUNTO COM A FALTA DE NICOTINA DEPOIS DO ÚLTIMO CIGARRO DO MAÇO.

ELA ANSIOU DEMAIS POR MIM, TENTOU ENCONTRAR RESPOSTAS E CADA VEZ QUE NÃO AS ENCONTROU SE ANGUSTIOU AINDA MAIS E MAIS ENCONTRANDO APENAS O SILÊNCIO, E TODA A SUBJETIVIDADE DO MESMO.

UM ENORME DESPERDÍCIO DE VIDA...DE SÚBITO A ESTRANHEZA DE SI MESMA.
AO LONGO DO TEMPO ELA SE PERDEU POR INTEIRA, PERDEU O RESPEITO, PERDEU OS VALORES, PERDEU O AMOR PRÓPRIO, PERDEU A PRÓPRIA VIDA, RENDEU-SE AO CANSAÇO, ENTREGANDO-SE CEGAMENTE AS DORES.

ESTAVA DESAMPARADA E IMPOTENTE DIANTE A VIDA, COMO SE SUA EXISTÊNCIA FOSSE O MAIOR FARDO DO UNIVERSO E DA HUMANIDADE. VIDA QUE SE RESUME EM ATITUDES CONTRÁRIAS À SUA ANTIGA ESSÊNCIA E NATUREZA.

NESSE MEIO TEMPO RASGOU-SE, DERRAMOU SUAS PUREZAS E IMPUREZAS MISTURANDO AS TINTAS EM FORMAS DE CARTAS SEMPRE COM O MESMO DESTINATÁRIO.

O QUE AS DIFERENCIAVAM ERAM AS FREQUÊNCIAS DE TEMPO DAS CORRESPONDÊNCIAS E AS METÁFORAS EXISTENTES NA PRÓPRIA FORMA E ANATOMIA DO SEU EMBRULHO...
ORA EM GARRAFAS EMBRIAGADAS DE TINTO,
ORA EM CAIXAS PRETAS E SUAS ANALOGIAS À MORTE COMO CAIXÕES EM MINIATURA, ERAM ELAS NEGRAS E VIÚVAS COMO AS NOIVAS...
CHEGAM AINDA BRILHANTES E DOURADAS COM CONTEÚDOS ESTARRECEDORES,
ANTES PALAVRAS TÃO VERDADEIRAS MESMO ENTRE TANTOS ENIGMAS... TODAS ESSAS SIMBOLOGIAS SEMPRE VINHAM DEFUMADAS DE PERFUMES ENTORPECEDORES,
OUTRORA CHEGAVAM REGADAS DE SANGUE E VÔMITO
PESADAS E PENETRANTES QUASE QUE UM NÁUFRAGO ANCORADO DE DESILUSÕES...
OUTRORA DESENHADAS E BORRADAS ESCRITAS DE LÁGRIMAS SONÂMBULAS...
DEPOIS DE TUDO ISSO, MUITO POUCO RETORNO, UMA MENÇÃO ESPORÁDICA, MAS APENAS UMA ÚNICA RESPOSTA: O PAPEL RECICLADO E O ADEUS, O QUE NEM AO MENOS SE PODE GUARDAR, POIS O REMETENTE NÃO SE IMPORTOU NEM SEQUER EM CHAMAR O POMBO CORREIO.
FOI ESSE QUASE QUE UM DESCARTAR TOTAL DE TODAS AS POSSIBILIDADES AINDA QUE SECRETAMENTE GUARDADAS... EXISTIAM.
DEPOIS DESTE SOPRO AS INTERROGAÇÕES POR AMBAS AS PARTES FORAM MESMO SUBSTITUÍDAS NA NECESSIDADE QUASE QUE INSUSTENTÁVEL DE MANTER A PROXIMIDADE E O CONVÍVIO...
O QUE ALIMENTOU AINDA MAIS AS EXPECTATIVAS, E POR FIM A MINHA CLAMANTE TRANSPARÊNCIA TRAÇAVA AS VERDADES MAIS NUAS, MAIS CRUAS O QUE ESTREMECIA E DESMORONAVA SEM QUERER COMO VENTANIAS QUE BATEM AS PORTAS E JANELAS, E LEVAM TETOS E PAREDES...
REBELOU-SE COM TODAS AS VERDADES. E NUM ÍMPETO DE SUCUMBIR TODA A FÚRIA QUE ESTREMECIA SEU INTERIOR, ENTREGOU-SE...
MOSTROU-SE LITERALMENTE UMA PESSOA SENSÍVEL AO EXTREMO COMO NUNCA ANTES HAVIA SIDO LA LLORONA DEL SANGRE,
INSEGURA AO EXTREMO, ENCONTROU EM ATITUDES IMPESADAS A NOVA: A LOUCA DEVASSA!

TENTANDO AFOGAR TODAS AS DORES NAS SAÍDAS NOTURNAS,
NAS BEBIDAS, E NESTA MISTUREIRA INSANA,
PARECEU QUERER ASSINAR SUA SENTENÇA DE MORTE...

NO SEU MAIS ÍNTIMO SABIA QUE NÃO ENCONTRARIA EM OUTRAS BOCAS E EM OUTROS TOQUES TUDO AQUILO QUE TINHA PERDIDO,
MAS MESMO NESTA CERTEZA, O INSTINTO E A SELVAGERIA GRITOU EM PÚBLICO E ESCANDALIZOU. ERA A FORMA DELA DE ABSTRAIR TODA A PERDA.

INÚMERAS VEZES INCONSCIENTEMENTE E COMO FORMA DE DEFESA TENTOU ATACAR PARA VER SE ATINGIA, E TANTAS VEZES SE FRUSTROU NÃO ALCANÇANDO SEU OBJETIVO MALÉFICO, INFATILMENTE FERIR PARA SE SENTIR MELHOR. E SE IRRITOU AINDA MAIS VENDO QUE A TEMPESTADE ERA SOMENTE EM SEU COPO D’AGUA.

A SERENIDADE NÃO É PARA TODOS DENTRO DE CIRCUNSTÂNCIAS TAIS.
E A FORMA QUE CONSEGUI LIDAR COM ISSO FUGIA DE QUALQUER COMPREENSÃO DELA, FUGIA DE QUALQUER CONQUISTA JÁ ALCANÇADA, ERA PRATICAMENTE QUE INDECIFRÁVEL AO SEU ENTENDIMENTO.

EM FRAGMENTOS DE SEGUNDOS OS CIGARROS SE ASCENDERAM E ASCENDERAM OUTRAS VEZES, QUASE QUE ROBOTICAMENTE PROGRAMADO, UM STOP MOTION. O CINZEIRO TRANSBORDAVA, E TODA CASA ESTAVA EMPESTEADA COM O CHEIRO.

ELA FICOU NUA, HIPNOTIZADA PELO MONSTRO DESCONHECIDO DO SEU REFLEXO INTERIOR.
DEPOIS DE TANTAS NOITES MAL DORMIDAS, DEPOIS DOS AGRAVANTES E RETARDADOS RETROCESSOS SUA DIGNIDADE SE FOI JUNTO COM TODAS AS SUAS CRENÇAS.

DESCONFORTÁVEL CONSIGO MESMA, VIU-SE SEM PERSPECTIVA ALGUMA, QUEM DIRÁ OBJETIVOS DE VIDA. . .
O CONSUMO DE ENTORPECENTES EM NÍVEIS E EM DOSAGEM CRESCE JUNTO COM A FREQUÊNCIA E TODO O SEU FODA-SE PARA TODAS AS COISAS QUE A CERCAM...

A SITUAÇÃO É LASTIMÁVEL E DEPRIMENTE. ELA ESTÁ NO FUNDO DO FUNDO DE SUA COVA, A PRÓPRIA CRIADA E CAVADA INTENCIONALMENTE E SEM MAIORES PREOCUPAÇÕES.
DESACUENDADA DAS COISAS QUE A CERCAM, VIVE SEUS DIAS INCONSTANTEMENTE, ÀS AVESSAS ELA BUSCA EM FONTES ESTRANHAS ONDE FOI QUE PERDEU O FIO DA MEADA.

DESGOSTOSA COM TUDO LIDA DE FORMA EXTREMISTA COM AS PESSOAS E COISAS...
EXACERBADAMENTE INCONSEQÜENTE COM PALAVRAS,
GESTOS E ATITUDES MEDÍOCRES.

ELA ESTÁ ENTERRADA. ELA SE ENTERRA A CADA DIA MAIS. E AINDA TÊM CAPACIDADE DE SE CAMUFLAR AOS MAIS PRÓXIMOS, QUE ENXERGAM APENAS SUA CARAPUÇA APARENTEMENTE CONSISTENTE, PORÉM OCA. O QUE DIFICULTA UMA MÃO AMIGA AO SEU RESGATE.

DEFRONTOU-SE COM O IMPOSSÍVEL DE SI MESMA, E NÃO CULPA NINGUÉM, DIZ NÃO ME CULPAR DA BOCA PRA FORA, MAS INTERIORMENTE APONTA O DEDO INFINITAMENTE PARA O PRIMEIRO E MALDITO ABRAÇO, A PRIMEIRA TAÇA DO EMBRIAGADOR SABOR DO BOM VINHO, E APONTA AINDA PARA A CUMPLICIDADE NO ELEVADOR, OS OLHARES INDECIFRÁVEIS SUSPENSOS COM A SINCRONIA DAS FALAS: FODA, O MALDITO “FODA”, É FODA!

SENTE PENA DE SI MESMA COMO UM CÃO SEM DONO, SEM CARINHO, SEM AFETO, SEM ATENÇÃO DA SUA FORMA DEVIDA.
OS DIÁLOGOS DE SURDOS AFLIGEM-NA, POSTERIORMENTE VÊM AS PALAVRAS ÁSPERAS E MALÉFICAS, A IMPACIÊNCIA, ATITUDES DÍSPARES E FEROZES MOVIDAS DE RAIVA DE INSATISFAÇÕES, DESCONTÍNUAS E INTENSAS...

ELA SECA, ELA PROFUNDA INCOMODA–SE E INCOMODA OS DEMAIS SEM PERCEBER...
OFEGA ENQUANTO FALA, ENQUANTO PENSA, ENQUANTO MUDA, ENQUANTO DORME, ENQUANTO TOCHA, ENQUANTO FALA, ENQUANTO GESTICULA, ENQUANTO PENSA, ENQUANTO TRAGA, ENQUANTO TOCHA, ENQUANTO FALA, ENQUANTO GESTICULA, ENQUANTO AINDA EXISTE.

RECONHECENDO TUDO ISSO, LITERALMENTE JOGOU AS COISAS PRA BEM ALTO COMO QUEM SE ENTREGA AO LÉU, JÁ ESTA TRANCADA NA SUA PRÓPRIA CRUELDADE...
ESTÁ EM CRISE EMOCIONAL, EM CRISE EXISTENCIAL, E NÃO HÁ NINGUÉM NO MUNDO QUE POSSA AJUDÁ-LA SE NÃO DEUS.

QUE MARTÍRIO BESTA, SABOTADORA DE SI MESMA, PRECIPITA COISAS, ATRASA OUTRAS, SUA INCONSTÂNCIA CÁLIDA SE DIFUNDE NO ESTILO REGRESSIVO DE VIVER.

FAZ MAL USO DO BENDITO TEMPO PARA INSISTIR EM COISAS DESCABIDAS. A PONTO DE SACRIFICAR-SE POR ALGO PARA PURO E SIMPLESMENTE AGRADAR A PESSOA QUE AINDA AMA, E SE ODEIA POR AMAR TANTO ASSIM.
OS DIÁLOGOS INTERIORES TENDEM A ESTAR CADA VEZ MAIS COMPLEXOS, E ENFRENTAR SEUS MEDOS NO ESPELHO DEVE SER REALMENTE O MAIOR DESAFIO AGORA...
ESSA IMAGEM ASSUSTADIÇA DEVE SER ALGO ENSURDECEDOR.

“ EU QUERIA PODER “ CURA-LA” DE SI PRÓPRIA. MAS SUA – “ DOENÇA” ?
É MAIS FORTE QUE MEU PODER, SUA DOENÇA É A FORMA DE SUA VIDA.” ELA DEGRADA TURBULENTA MENTE.

DESPEDIDA





Artifícios de um passado distante.
Fragmento de “ Ciclos Viciosos”

Penetrastes até as fontes marinhas,
Circulaste no fundo do Abismo?
As portas da morte foram-te mostradas,
Viste os guardiães do país da Sombra?
(Jô, 38, 8-7)

A imagem da tempestade está no cerne de sua demonstração.

Como quem vem em um período de tempo,
e que com pouco consegue cativar, seduzir, e conquistar até que seja arrebatada a vítima, a mente perigosa articula todos os pequenos e grandes passos na trajetória de vida.
Você de perto foi uma das maiores guardiãs dos meus tesouros,
até mesmo um dos meus tesouros ocultos.
E um dos seus significados é a minha vida, meu interior sagrado,
me precavi, e mostrei-me para poucos.
No ápice do meu equívoco, fiquei cega, e me envolvi demais, me doei demais e sem medir, toda minha existência se confundiu com a sua, meus valores e os seus, todos eles difusos, misturados, e violentados.
Guardei a sete chaves pra mim mesmas.
Em combate e em estratégia de jogo, o caçador só consegue matar-me em sonho.
Você talvez seja o símbolo da paixão sem medida, que desafia que maquina, que paga por amor, que paga pra ver, até a morte.
Sinto escorrer pela sua boca o gosto amargo pelo aniquilamento,
que vem acompanhado por uma paixão violentamente exclusiva.
Vejo em você alguém que espreita a caça, o habitat e espreita todos os movimentos, para matar-me mais facilmente no instante em que eu me imobilizo.
Seus olhos seus cansaço, é essa sua angustia pelo nada.
A cada instante que percebe vulnerabilidade,
conscientemente me envenena pelas bordas.
Nesse tempo todo exprimiu à paciência, a perseverança, a prudência, e provou para si mesma que entre o abismo e as alturas a sua engenhosidade atingiu seu ponto máximo. Por instinto e sobrevivência aprendeu que usar mais a razão e o raciocínio desertaria ainda mais seu aspecto exterior.
Voltando a falsa crença que ter uma armadura te faria mais forte.
Descartando a velha essência e plenitude de uma alma tranqüila e transparente. Esquecendo-se de que a maior armadura é aquela que se constrói aos poucos e se mantém intacta ao longo do tempo.
Aquela que não vemos, mas sentimos.
Aquela que eu olho e não sinto mais.
E quando se sentiu ameaçada,
refugiou-se para as profundezas do seu ser,
deparando-se com sua natureza fria, silenciosa, e imóvel.
E tentando encontrar os sentidos no obscuro, encontrou a si mesma.
Encontrou-se melancólica, numa tonalidade monocromática,
sem brilho, uma vida desertificada, vazia.
Como você mesmo diz, e que sabemos, é que cada um tem um tempo.
E esse ciclo, com seu movimento giratório, descrevem todo o ciclo da vida.
O centro do círculo é então considerado como aspecto imóvel do ser,
o eixo que torna possível o movimento dos seres, embora oponha-se a este como a eternidade se opõe ao tempo.
E pra tentar exorcizar essa angústia de me ter e não me ter por perto,
você recorreu a decepar um membro vital.
E espera que com todas as forças que te restam, deter essa viciosidade.
E encerra o ciclo, para dar inicio a um ciclo novo.
Chegou a hora do zero para a semente enterrada no solo,
há agora uma longínqua colheita, da qual não farei parte.
Siga em frente querida.
Há novos campos, novas terras pra conquistar, há novos ares, há novas vidas a cativar. A concentração do inverno em sua severa grandeza; é a terra invernal que fomenta seu desenvolvimento, cuja as profundezas se elabora lenta e penosa tarefa da vegetação. Neste ponto culminante, é em um novo ponto de partida que se agarra, onde há uma noção de chegada, de destinação, e de objetivo, será dureza essa renúncia, tanto para mim, quanto pra você.

“A duras penas”, encerramos aqui as possibilidades inversas, e imensas, evolutivas e involutivas, para nós.
Somente nestas perpétuas tensões entre as inclinações opostas,
conseguiremos encontrar um difícil equilíbrio para o cotidiano separado, numa realidade totalmente fragmentada.
Te desejo muito amor, e acima de tudo persistência com suas novas metas, e objetivos. Feliz por ter participado de sua trajetória, mais feliz ainda por você ter me apresentado a vida de uma maneira totalmente única, e especial, vostra persona foi um marco na minha história.
Fecho agora o livro, com todas essas páginas bonitas e ensangüentadas, deixo dentro do criado mudo perto da cabeceira de minha cama, perto, sempre perto, pra quando sentir que existe um vazio e que isso me incomoda, a fonte me fará recordar que nem tudo na vida é efêmero e sem significados maiores.

O grito de Julia.








O pequeno redemoinho de arame farpado
Ele esta só em meio ao mar de areia.
Ele esta perdido.
O vento se encarrega de carregá-lo pra todos os lados.

De onde ele vem:!? De que origem, de que espécie, de que raiz?
Vem esse arame com suas farpas enferrujadas
Rola como um redemoinho louco e devasso no deserto.
Vem como um tsunami,
Vem como um furacão
Vem como lava quente do vulcão.
Vem do temperamento sanguíneo,
Vem e finca lamina cortante na pele.
Vem como o luto,
Vem como morte sorrateira com uma foice dura e cruel.
Vem como um alucinógeno maldito, e se enraíza, dissemina podridão.

O grito do oprimido.
O grito de miséria!
O grito de desesperança.
O grito de desespero!
O grito de lástima!

Vem como o grito agonizante do homem contemporâneo!
Vem como um curto-circuito em pane com sua sobre carga elétrica!
Vem como cólera asiática, vem como bactéria se multiplicando no intestino.
Vem como diarréia intensa e sem fim!
Vem como flechas com pontas afiadas para cortar uma civilização.

O grito de dor!
O grito de desamor!
O grito de protesto!
O grito de libertação!
O grito de liberação!
O grito de ódio!


O grito de toneladas de força num soco fechado no saco de pancadas.
O grito de um suicida! O grito do injustiçado!

É preciso conhecer o mau para combater o mau.
O grito dos bárbaros, o grito dos índios, o grito dos gregos
O grito dos troianos, o grito dos romanos, o grito do exercito.

O copo de cristal caiu
O fúnebre riff da guitarra ecoa a quebra do talismã sagrado
Ele esta todo estilhaçado
Seus cacos pontiagudos e cortantes são armas letais.
Seus pés descalços deslizam no chão
Dançam um balé triste e descompassado.
O sangue desenha raízes desgrenhadas na pele amarela.

O grito vai, o grito ecoa
O grito perturba o grito não cessa.
O grito machuca
O grito ensurdece.
O grito paralisa, o tempo paralisa

O corpo estirado preso pela forca
O nó bem atado estrangula.
O ultimo grito agoniza sussurrando.
O grito não grita mais, pois não tem mais forças.
O grito se despede.
O grito murmura
O grito renuncia.
O grito vai, para não mais voltar.

O pequeno redemoinho de arame farpado
Ele esta só em meio ao mar de areia.
Ele esta perdido.
No deserto o grito ainda ecoa
A miragem continua, e o cacto sobrevive.

26.10.08

3.8.08

Estrela d'Alva.







Maria de Verdade.

Sexta-feira - 01 AGOSTO. feira da santos.

Ela carregava sua boneca nos braços
Seu olhar compenetrado me observava de longe.
Eu fotografava o meio período matinal da feira.
Meus dedos não hesitaram a eternizar a pequenina Maria.
Sua filha branca de olhos azuis em seus negros braços, ela estava voltada ao mundo.

O frescor matinal, o silêncio e um sorriso singelo.
Aproximei-me desse ser magistral e perguntei:

- Que linda! Qual o nome de sua boneca?

Sorridente ela me responde:

- Maria Clara.

- Jura? Você ta brincando!

Eu desacreditei. Me espantei com mais uma particularidade incrível de minha vida.
Oscilei por horas e por fim ela me convenceu.
Argumentou que dera a pequena o nome de sua melhor amiga de infância.
Que surpresa sensacional!
Pensei “Nossa, nunca tive uma boneca mecanizada...”
Mariazinha
me contou que ela era muito inteligente,
que sentia,que falava, que comandava,
E que acima de tudo era dona de suas vontades e ações.
Fora isso ela tinha suas necessidades básicas humanas,
Precisava dormir, acordar,se alimentar, e ir ao banheiro.Incrível como há 12 anos atrás quando eu tinha 9 anos de idade,
Eu não tinha uma filha falante assim...
Fiquei nostálgica e me transportei a velha infância por segundos.
Vi-me carregando Pico-chan minha eterna companheira de viagens e segredos.
Aqueles que dividíamos em silêncio.

Eu e Mariazinha.


Ambas filhas únicas, ambas com a visão da figura materna,
Como que tivéssemos vivido a experiência de ser.

Como Vênus matinal, ela me beijou docemente o rosto.
E sumiu como uma poção de vida e de imortalidade.


Prazer em te conhecer!
Tu és a semente no vime,
Tu és ser em essência vegetal
Percorrerá tempestades e frutificará com sabedoria,
No Verbo e na Palavra encontrará a glorificação e a supressão do tempo.

Querida,
Pra você muitas fantasias de uma nova era num Habitável Jardim Novo.

Aberto para Balanço.






A mente administrativa domina a exatidão.
A mente artística foge do bloqueio e do quadrado.


A mente administrativa quando conhece a mente artística.
Faz cálculos de probabilidades infinitas.

A mente artística quando conhece a mente administrativa,
Mapeia estratégias e as executa com maior eficiência e eficácia.


Duas mentes encontram na “sorte adversa” realidades paralelas.
Quando se juntam as barreiras inexistem e o progresso é eminente!

2.8.08

Realidades Difusas.





Agora a família se reúne no céu e na terra.
Sem a divisão dos mesmos.

Pão e Cálice de vinho tinto de sangue.
A alma e o espírito em corpo presente se materializam
e procedem o legado da essência Nishi de ser.

Meu bisavô jardinando com o cálice da flor as tradições ancestrais
Meu avo a frente de novas revitalizações da Ceasa celestial,
“Na sua combi azul alada.”

Senhor Mario de encontro com Masaharu Taniguchi
Dois seres iluminados e pensadores eternos.
“A vida conhece a vida e não conhece a morte”
como na REALIDADE da Sutra Sagrada da SEICHO-NO IE.

Alianças efusivas para a ideologia do Caminho pela Arte.
Da arte pelo caminho, da “vida pela vida.”

25.7.08

O Silêncio de JULIA.



Silêncio de lagrimas.

Não gosto de te ver chorar,
Não gosto de sua carência exacerbada, mas entendo e compreendo.
Silenciar-se em seu quadrado me incomoda
Entristece-me, comove-me, mas me fortalece.

Seu silêncio é como o silencio de Hitler na prosa de Leminski.

“... silêncio ditado pelo medo
Pela tortura
Pela prisão
Pelo medo da prisão.
O silêncio do terror
O silêncio da censura
O silêncio da autocensura
O silêncio do medo
“Criado pelos que tem medo da historia.”

O silêncio do ventre.

Você deita na cama como se fosse um feto.
Encolhe-se toda, embrulhada em sua profunda reflexão e introspecção.
Abraça seu travesseiro como um bebe encolhido chupando o dedo no ventre da mãe.
Enlaço-te como se fosse meu filho, me encolho te recolho para meus braços.
Sinto sua respiração cansada e ofegante.

O silêncio dos Marajás.

Viajamos juntas pra Índia embaladas pelo sitarista Shankar,
Sentimos as aquarelas e geometrias das diversidades arquitetônicas
do complexo de Agra e dos Marajás em Jaipur.
Vimos Shiva montado na “mãe” vaca.
Ouvimos a voz de Gandhi lutando pelos seus ideais e pelos ideais de sua nação.
Historias essas extremadas da ordem ao caos.
Por fim você reencontrou seu equilíbrio momentaneamente.
Seu silêncio choroso e seu sorriso contido.
Embalou-me as mãos como um gesto benevolente e agradecido.


O silêncio que implora.

Seu silêncio representa toda a dor de não conseguir sair desse ciclo vicioso.
Seu silêncio diz pouco para os que não conhecem
Seu silêncio diz me diz muito:
Abrace-me, me beije, me afague.
Me de amor. Suplicas de amor constante.
Amor, sua linguagem de amor é simplesmente minha presença
E a qualidade de nosso tempo.

Seu silêncio me silencia outra vez.

Sua abstinência de medicamento
É como fogo selvagem, alastra-me as entranhas, é visceral.
Sua constante mudança de drogas
Ataca-me em palavras doloridas e penosas.
Quer saber? Nem ligo...
Odeio não conseguir te contagiar com toda alegria que tento transmitir
Logo me tranqüilizo, pois acredito que na vida e na alienação do individuo
O ser dormente alguma hora encontra a mensagem,
Encontra a historia e todas as respostas que inconscientemente busca,
Assim tranquilamente segue seu fluxo
percorrendo o caminho com mais serenidade e menos dor.

O silêncio da liberdade.

V...F...M...V...D...F...
I...I...I...I...E...I...
D...L...N...D.......L...
A...H...H...A.......H...
....A...A...........A...
D...
E...

13.7.08

Olhos de Lorenzo.


Joske tinha acabado de adquirir sua câmera digital.

Temendo a possibilidade das imagens não corresponderem seu ver,
Ele se garantiu disparando por todos os ângulos
Seus dedos incessantes não tinham medição, eles não paravam...

Meu pensamento em off dizia:
Amigo se fosse sensível advertir...
Apenas te observei.

Ele deixava se seduzir com "a melhor cuiquinha do Brasil!" de fato!

O tom, e as matizes de um timbre suave e intenso, nossa Musa estava lá encantando com seu canto e embelezando a retina dos espectadores!

Zezinho assiduamente se dedicava a favor da expansão de um Samba de Raiz e prestigiava sua "banda favorita de samba! ".
Literalmente e musicalmente falando – um Samba F-I-N-O!
Quarta – Trio Sambulantes no Valentino "Um samba bem pra frente"!

Olhos de Lorenzo – Olhos de Maria
Minha paz sua paz - nossos reflexos.

Último Retrato





Shisei Nishimura - in memorian.

Desde que você se foi, os dias seguintes foram de sol. A tempestade foi embora junto com sua dor.
O tempo muda conforme a vontade divina.
Talvez tivesse chovido tanto, tanto, a ponto de não nos deixar sair do “conforto do lar”, e fazendo então que a visita fosse adiada mais uma vez.

A conseqüência disso é interna, talvez seja a pequena sensação de culpa por não ter ficado ao seu lado dividindo seu sofrimento, já que já diziam os presentes preocupados que a sua hora já estava por vir.
Ou simbolicamente poderia estar segurando sua mão antes de seu ultimo suspiro e do sono eterno. Mas isso ainda é menor do que todo o cuidado de minha avó por muitos anos, minha mãe durante seu período difícil de batalha, e meus tios, financeiramente e fisicamente, alimentando, medicando e banhando todos os dias.
Parte dos netos também fizeram, por isso fico ainda um pouco chateada... mas tranqüila, pois fizeram de tudo, e a família sempre unida.

Mas como “Deus escreve certo por linhas tortas”, ele tomou providencias tais como adiar minha visita, para que me fosse poupada à dor, o rosto e o corpo cansado e doentio.
Deixando somente a lembrança da época sadia de expressão vívida e de brisas suaves. De um corpo mais forte e feliz!
Tenho muitas lembranças, a maior parte fotográfica, surgem às vezes em frames com tons musicais.
Lembro de seu colo no meu nascimento, do pôr-do-sol e da gaita na infância, a vanguardista e boa Asa Branca. Lembro ainda da volta da escola pra casa,das voltas na brasília amarela… dos tablitos do posto e dos bolinhos de carne do mercado Shangri-lá na pré aborrecência, nas histórias de bakemon na adolescência. Lembro-me da minha ausência e do meu regresso na juventude.

A Ilha Japonesa me fez entender alguns dos significados existenciais...
Uma força interior gritou tanto que me fez voar de volta à terrinha onde nasci e cresci.
Assim apaguei com um riso toda aquele sentimento de perda e de convalescência sua.
Até que a pouco mais de dois meses, consegui capturar, e registrar pra sempre um riso intenso de alegria.
Seus olhos brilhavam, o seu novo corte de cabelo ilustrava ainda mais o rosto expressivo.
E a alegria se expandiu no momento em que minha mãe disse que era para ficar feliz que a foto iria ser enviada para sua filha que está em Okinawa no Japão.
Não precisou de muito para ser contagiado pelo riso...

Agora?! Bem a casa fica vazia sem sua voz sempre nos chamando, mas sua presença na casa é grande, os gestos benevolentes, os feitos de vida, a risada, a tossida exagerada, as marcas de comida nas antigas fotografias, as digitais pelas paredes, e o tempo que às vezes parece parar, assim como seus passos lentos pela casa, uma tristeza., uma saudade...
Mas hoje, hoje é um novo dia, que novamente anoitece, e estamos nós aqui, continuando a batalha, nos alimentando, vivendo, orando, lembrando, mesmo que cada um individualmente, do ótimo marido, da figura paternalista, do agricultor persistente, do homem cheio de virtudes, e que lutava pelos seus ideais, que alimentava sua família, de todas as boas sementes que plantou, de todas as suas lembranças, das conversas hilariantes e das piadas, e do bom amigo que foi para todos nós, deixando seu legado...
Obrigada por ter sido fiel pai pra mim.

Ditian, espero sinceramente que onde quer que esteja, esteja em PAZ.

Depois deste baque imenso, me atentarei mais para a casa e para o lar, sinto pelo que aconteceu no passado, mas não quero deixar que no presente a minha ausência anterior se transforme em frustração e melancolia.
Por isso digo a mim mesma que enquanto ainda houver forças, tentarei corrigir no presente, para não cometer os mesmos pecados anteriores, assim contribuirei para um futuro melhor e cheio de perspectivas.
Dessa forma gostaria de refletir em nossa casa.

Fica um único e ultimo pedido para você...
juntamente com os anjos celestiais. Que seu bom espírito esteja por toda a parte, sempre nos vigiando, cuidando, e protegendo. Pois essa Família linda que você ajudou a construir, precisa mais do que nunca de forças e cuidado.

Obrigada por tudo! Escrevo, depois de muito tempo que não praticava mais minha escrita, mesmo você não estando aqui, mesmo não podendo te entregar a carta, mesmo não podendo ler pra vc, acredito que seus olhos espirituais possam ler, que seus ouvidos espirituais possam ouvir minha voz, e além disso espero que seu coração possa sentir o que eu estou sentindo, e o que nossos amados sentem.

Ficaremos todos bem,


E que você esteja bem tranqüilo e que descanse em Paz, amém!

Carta ao meu ditian - 17.12.07


Asa Branca
Forro in the Dark feat. David Byrne

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