24.12.08
O grito de Julia.
O pequeno redemoinho de arame farpado
Ele esta só em meio ao mar de areia.
Ele esta perdido.
O vento se encarrega de carregá-lo pra todos os lados.
De onde ele vem:!? De que origem, de que espécie, de que raiz?
Vem esse arame com suas farpas enferrujadas
Rola como um redemoinho louco e devasso no deserto.
Vem como um tsunami,
Vem como um furacão
Vem como lava quente do vulcão.
Vem do temperamento sanguíneo,
Vem e finca lamina cortante na pele.
Vem como o luto,
Vem como morte sorrateira com uma foice dura e cruel.
Vem como um alucinógeno maldito, e se enraíza, dissemina podridão.
O grito do oprimido.
O grito de miséria!
O grito de desesperança.
O grito de desespero!
O grito de lástima!
Vem como o grito agonizante do homem contemporâneo!
Vem como um curto-circuito em pane com sua sobre carga elétrica!
Vem como cólera asiática, vem como bactéria se multiplicando no intestino.
Vem como diarréia intensa e sem fim!
Vem como flechas com pontas afiadas para cortar uma civilização.
O grito de dor!
O grito de desamor!
O grito de protesto!
O grito de libertação!
O grito de liberação!
O grito de ódio!
O grito de toneladas de força num soco fechado no saco de pancadas.
O grito de um suicida! O grito do injustiçado!
É preciso conhecer o mau para combater o mau.
O grito dos bárbaros, o grito dos índios, o grito dos gregos
O grito dos troianos, o grito dos romanos, o grito do exercito.
O copo de cristal caiu
O fúnebre riff da guitarra ecoa a quebra do talismã sagrado
Ele esta todo estilhaçado
Seus cacos pontiagudos e cortantes são armas letais.
Seus pés descalços deslizam no chão
Dançam um balé triste e descompassado.
O sangue desenha raízes desgrenhadas na pele amarela.
O grito vai, o grito ecoa
O grito perturba o grito não cessa.
O grito machuca
O grito ensurdece.
O grito paralisa, o tempo paralisa
O corpo estirado preso pela forca
O nó bem atado estrangula.
O ultimo grito agoniza sussurrando.
O grito não grita mais, pois não tem mais forças.
O grito se despede.
O grito murmura
O grito renuncia.
O grito vai, para não mais voltar.
O pequeno redemoinho de arame farpado
Ele esta só em meio ao mar de areia.
Ele esta perdido.
No deserto o grito ainda ecoa
A miragem continua, e o cacto sobrevive.
26.10.08
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário